quinta-feira, 11 de abril de 2019

RAMANA MAHARSHI - MEDITAÇÃO - QUEM SOU EU?



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O caminho directo para a iluminação é a Auto-investigação (Autoconhecimento).


Iremos explanar o método preconizado por Maharshi de uma forma sucinta e imediatamente compreensível.
Quem pretender aprofundar os seus ensinamentos tem uma vasta bibliografia ao seu dispor, principalmente em edições inglesas.
No entanto, tenha-se em consideração que Ramana escreveu tão-somente dois textos em prosa que são um conjunto de instruções do seu ensinamento:
- Vicharasangraham (Self-Enquiry); e
- Nan Yar (Quem sou Eu?).
Como se refere na introdução ao livrinho ‘Quem sou Eu?’ os ensinamentos de Bhagavan Sri Ramana Maharshi estão nele condensados, indicando-nos a forma correcta como a ‘investigação’ deve ser realizada:
“A mente é a sede dos pensamentos. O pensamento “Eu” é o primeiro a surgir na mente. Só depois do pensamento “Eu” surgem os outros pensamentos.
Quando a investigação “Quem sou Eu?” é insistentemente perseguida, todos os outros pensamentos são destruídos, e finalmente o próprio pensamento “Eu” desaparece restando apenas o supremo não-dual Self (Si). Assim acaba a falsa identificação do Self (Si) com os fenómenos do não-Self, tais como o corpo e a mente, e dá-se a iluminação.
Apesar de tudo, este processo não é propriamente fácil. À medida que nos questionamos ‘Quem sou Eu?’, outros pensamentos surgirão, mas não se lhes deve ceder, e devemos segui-los, perguntando: ‘A quem surgem estes pensamentos?’.
Através de uma investigação constante, deve fazer-se com que a mente permaneça na sua fonte, sem permitir a sua dispersão e que se perca nos labirintos do pensamento, por si própria criados.
Todas as outras disciplinas meditacionais devem ser consideradas como práticas auxiliares, já que auxiliam a mente a restar calma e focada.
Para a mente que adquiriu uma grande capacidade de concentração, a Auto-investigação (Autoconhecimento) torna-se relativamente fácil. É através da investigação contínua que os pensamentos são destruídos e o Self (Si) se realiza – a Realidade plena, felicidade absoluta na qual não existe sequer o pensamento “Eu”, experiência que é referida como “Silêncio”.
Não havendo aí, felicidade alguma em qualquer dos objectos do mundo.
Este é na essência o ensinamento de Ramana Maharshi em Nan Yar.”


***
     

Se o nosso espírito já tiver atingido um grau mínimo de conhecimento ou intuição das coisas do espírito, começamos por nos questionar incessantemente:

Quem sou Eu?

- Serei este corpo?
O corpo transitório com as suas funções orgânicas, emoções, sentimentos, pensamentos e ego não pode ser o “Eu” real.
É natural que o homem identifique o “eu” com o corpo. Quando diz “eu estou aqui”, “eu já fui…”, ”eu serei…”, “eu sou…”, identifica-se com o corpo.
Mas o corpo físico composto pelos cinco órgãos dos sentidos (tacto, visão, paladar, audição e olfacto) e respectivos objectos (toque, cor, sabor, som e cheiro), pelos cinco órgãos de cognição dos sentidos (agarrar, fala, locomoção, excreção e procriação), pela respiração, pela mente que gera os pensamentos, a memória, a vontade e o ego, não se constitui como o “Eu” verdadeiro. O corpo não pode ser a “Consciência do Eu”. 
Existe um sentimento do “eu” que tem a sua origem no corpo e pode ser definido pela palavra “ego”. O iniciado deve perquirir qual o seu “Eu”, que não se confunde com o ego. O ego é a raiz da árvore da ilusão e como tal deve ser destruído para que o “Eu” possa cintilar no âmago do Coração.


Enquanto meditamos é normal que a mente seja assolada por inúmeros pensamentos. Aí devemos perguntar-nos de onde vem este pensamento, ‘A quem surgiu este pensamento?’. A resposta será sempre ‘A mim’. Se necessário seguimo-lo até à raiz. Logo que a mente se aquiete retornamos à meditação inicial: Quem sou Eu? 
Evidentemente que no princípio os momentos de liberdade e beatitude serão curtos e escassos, mas irão aumentando progressivamente com a continuação da Auto-investigação.


- Serei a consciência?
A consciência pela qual entro em contacto com o universo e com o universo próprio do sonho?
Já vimos que não.


- Serei o intelecto? O “ego”?
Também já concluímos que não.
A mente contém em si a memória, o intelecto, a vontade e o ego. É o intelecto que gera os pensamentos. A mente identifica-se com o “eu”. Mente e ego são uma só coisa, mente que gera a escolha, o amor, o ódio, a inveja, o ciúme, o desejo, a rejeição e a repulsa, entre outros.
A mente ou o ego também não pode ser o “Eu” verdadeiro.



- Quem sou Eu?
Eu só posso ser aquele Algo que subjaz aos três estados por que passamos nesta vida mortal: vigília, sonho e sono profundo.

Poderá existir maior paz do que a obtida por intermédio do sono profundo? Neste o “eu” deixa de existir com todas as suas funções e qualquer sofrimento, seja físico seja psicológico cessa naturalmente. Nesse sono profundo a nossa mente vazia de todos os pensamentos, sentimentos, afeições, padecimentos e ilusões retorna à unidade inicial ainda que de forma temporária, não sendo por isso que deixamos de ser.
Concentrando-nos continuada e persistentemente no Self (Si), que é Deus, o devoto atingirá a Consciência Pura, o Ser real e único, cintilando nele por toda a eternidade, como cintilava quando ainda o não era, por não ter sido ainda criado.


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